Bom, o segundo passo é dado em direção a Enrique Vila-Matas. Na realidade, foi a partir de seu último livro, Ar de Dylan (2012), editado pela Cosac Naify, que eu tomei conhecimento do filme Três Camaradas. No livro, o filme de Borzage desempenha um papel indireto servindo como uma espécie de estímulo para o personagem Vilnius, que se assemelha a Bob Dylan e dá título ao romance, concretizar seus projetos, como, por exemplo, tentar descobrir se a frase dita por Pat no filme “Yes. It's odd – when it turns dark you need someone” havia sido escrita por F. Scott Fitzgerald. A tarefa era quase irrealizável porque – se acreditarmos nas informações fornecidas por Vila-Matas – o roteiro passou por inúmeros escritores e revisões. No entanto, tanto o objetivo da tarefa, quanto o assunto do livro parecem abordar o tema do fracasso e a questão da originalidade. E aí, claro, existe um paradoxo: concretizar um projeto destinado ao fracasso não inviabilizaria o próprio projeto?
Eu confesso que não partilho da atual devoção concernente a Vila-Matas. Me parece que, em variados momentos – e esse livro é um exemplo – o escritor catalão se preocupa mais em criar jogos, estabelecer referências e promover exercícios literários, do que propriamente em desenvolver uma narrativa interessante. Acho que essa crítica do Ronaldo Bressane dá uma boa ideia do que (não) esperar do livro.
Preste atenção: nessa citação, apropriada para tempos que continuamente preveem seus próprios términos: “A humanidade – continuei dizendo – já teve seu Juízo Final.
E os condenados, já foram condenados, mas todo mundo faz de conta que não se
deu conta disso" (p. 285).
E recorrer a outra passagem: "Pesquisar nem sempre leva a
encontrar o que se procura, mas a encontrar o que está ao lado do que se
procura, normalmente sempre interessante também" (p. 97), permite dizer que encontrei um bom filme no livro de Vila-Matas.
E.C.
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