Bom, a referência quase obrigatória para o próximo passo é
Bob Dylan. Eu pretendo fazer, futuramente, algumas postagens sobre seus discos e alguns filmes que ele fez, atuou ou participou da trilha. Mas este
post, especificamente, não o coloca como sujeito e sim como objeto, no caso, do
livro de Daniel Mark Epstein. Intitulado A balada de Bob Dylan: um retrato
musical, a versão em português da obra saiu em 2012, pela Editora Zahar (que,
aliás, contém algumas incorreções). A estrutura do livro é bastante interessante:
consiste em quatro partes, sendo que cada uma delas aborda um determinado show
de Dylan e, portanto, uma determinada época de sua carreira. Epstein relata a
experiência de cada show e, a partir daí, comenta os discos, interpreta as
letras das músicas, analisa posturas e acordes e aborda o contexto do momento.
Por isso, o livro não é exatamente uma biografia. Embora a reconstrução da vida
de Dylan ocupe talvez a maior parcela da obra, o autor não hesita em expressar
seus próprios sentimentos, admirações e frustrações em relação a Dylan.
Preste atenção: nas interpretações das letras feitas por
Epstein que também se vale de determinados trechos das músicas para narrar a
vida de Dylan. A reconstrução do ambiente e das expectativas do público nos
shows são algumas das melhores partes do livro.
Epstein reproduz, no capítulo 15, um trecho de uma
entrevista de Dylan. Quando perguntado se lia as obras escritas sobre ele,
Dylan respondeu: “Eu parei de ler depois da biografia de Shelton. É difícil ler
sobre você mesmo porque na sua cabeça as coisas nunca aconteceram daquele modo.
Tudo parece ficção” (pp. 401).
E se no post anterior Vila-Matas empregou o nome de Dylan no
seu livro que aborda a questão da originalidade, talvez a referência não tenha
sido apenas de ordem física. Bob Dylan pode ser considerado, em muitos
sentidos, um bricoleur. O artigo de Scott Warmuth trata exatamente disso.
E.C.
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